quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

O poder do Malbec Argentino

Em 1534 dois colonizadores europeus, um sacerdote chamado Padre Cidrón e Juan Jufré, o fundador da cidade de Mendoza, plantaram as primeiras videiras na Argentina. Hoje, 450 anos depois, a Argentina continua produzindo vinhos com o mesmo espírito pioneiro.


No primeiro assentamento espanhol nas terras habitadas pelos índios Huarpes, eles descobriram que a população nativa colhia e cultivava nesse clima desértico. Mesmo assim, foram os Incas os que trouxeram os conhecimentos necessários para dar vida a essa área. A irrigação artificial já era uma pratica estabelecida entre os habitantes oriundos do oeste argentino quando os europeus chegaram. Os novos colonizadores inventaram um sistema de provisão de água mais sofisticado do que o estabelecido pelos seus antecessores indígenas. Amparando-se no degelo e na neve da Cordilheira dos Andes, eles construíram uma complicada rede de diques e largos canais para conduzir a água e providenciar suficiente irrigação às áreas que eles desejavam cultivar. É surpreendente que tão extenso oásis verde tenha sido criado e desenvolvido no deserto. A paciência e a ingenuidade tanto dos primeiros colonizadores como dos do final do século, para desenvolver um único e complexo método para capturar a água e distribuí-la através de uma vasta rede de canais de irrigação, é tão espetacular atualmente como deve tê-lo sido nessa época. No século XIX, a indústria começou a crescer graças à influência dos imigrantes italianos e espanhóis que trouxeram ao país novas videiras e importantes técnicas vitícolas e de produção de vinhos. A introdução de variedades européias como a Malbec, Cabernet Sauvignon, Merlot e Chenin Blanc, melhoraram substancialmente a qualidade do vinho argentino. Foram então os colonizadores italianos e espanhóis os que formaram a base da viticultura e da produção de vinhos na Argentina, outorgando à área a riqueza cultural que possui atualmente. As estatísticas da OIV (Organisation Internationel du Vin) em 1996 confirmam a importância da Argentina no cenário vinícola internacional, especialmente no século XX: é o quinto maior produtor e o quinto maior consumidor mundial de vinhos e já ocupou a quarta posição na década de oitenta. Durante muito tempo, a quantidade superou a qualidade nos vinhedos argentinos que se adotava o cultivo de uvas de alto rendimento, porém de baixa qualidade (Criola Grande, Cereza, etc.), e um sistema de plantação arcaico. A alta produção de vinhos inferiores inundou a mesa das famílias argentinas que não se importavam com a qualidade da sua bebida do dia-a-dia. Nas décadas mais recentes, a vitivinicultura Argentina passou a cultivar em maior escala uvas de espécies européias nobres, adotou modernas técnicas de cultivo e vinificação e, conseqüentemente passou a produzir vinhos de boa qualidade. Embora o consumo per capita tenha diminuído, o consumidor argentino aumentou consideravelmente a produção e a exportação de grande número de vinhos de alta qualidade. A Argentina está prestes a se transformar em mais uma estrela no cenário vinícola mundial, fora do circuito europeu, tal como ocorreu com outros países do Novo Mundo, como o seu vizinho Chile, a África do Sul, a Austrália, os Estados Unidos e a Nova Zelândia. Apesar da sua proximidade com os Andes, as regiões vitivinícolas argentinas, ao contrário do Chile, não ficaram imunes ao ataque da praga Phylloxera vastatrix e enfrentam a adversidade de um clima seco, o que demanda cuidado redobrado e a adoção de um eficiente sistema de irrigação. ClimaA Argentina abrange um panorama fabuloso de terreno e clima, que vai desde a fronteira com o Brasil e suas florestas subtropicais às terras congeladas da Patagonia e da Tierra del Fuego. A Argentina vinícola é também um exemplo fascinante de viticultura, possuindo os elementos que os winemakers de outras partes do mundo gostariam muito de ter: dias mornos de verão com noites frescas, umidade baixa e solos bem-drenados que são inóspitos à filoxera e às outras doenças. A grande maioria dos vinhedos fica situada no canto noroeste do país, predominantemente na província de Mendoza, nas encostas orientais dos Andes, com precipitação anual escassa (entre oito e doze milímetros por o ano). Ao mesmo tempo os rios dos Andes, originando em neves profundas do inverno, fornecem a abundância da água da irrigação. A influência climática atlântica traz pouca chuva no verão, e algumas áreas são sujeitas às geadas adiantadas e atrasadas. No sentido mais básico, muitos vinhedos argentinos são oásis elevados. As alturas em áreas de vinhedo variam entre 500-1500 metros. O clima é continental, uma estação seca no inverno com chuvas leves de verão e uma média de temperaturas entre 24,6º C no verão e em 9,4º C no inverno. As geadas de verão, que podem ter pedras tão grandes quanto bolas de golfe, são o único risco climático real aos vinhedos. Pode causar perdas desastrosas danificando a colheita atual das uvas e das gemas de crescimento para o ano seguinte. Proteger as videiras com uma tela é extremamente caro, mas é a única defesa dos produtores. ViticulturaOs métodos tradicionais da irrigação são a inundação e por sulcos, mas ambos podem produzir sabores diluídos no vinho quando usados em demasia. Como os winemakers buscam melhorar a qualidade da uva, eles devem também limitar os rendimentos por hectare. Os sistemas de irrigação estão tornando-se cada vez mais refinados. Os novos desenvolvimentos começaram a usar a irrigação por gotejamento. Os solos argentinos variam ao longo do comprimento dos Andes e variam de arenoso à argila, mas são predominantemente argilosos. A maioria é de solo alcalino rico em cálcio e potássio, mas pobres em material orgânico. Os valores de pH usuais pairam ao redor oito. Aqueles na província de Mendoza tendem a ser mais cheios de pedra e aluviais. As videiras são cultivadas em dois estilos principais chamados latada (parreiral) e em espaldeira. No estilo latada, as videiras são plantadas relativamente distantes umas das outras e crescem sobre um único tronco com um ou dois metros de altura. Este sistema mantém a uva bastante acima da terra para evitar o calor e as geadas e é também compatível com colheita mecânica. Também é associado com os rendimentos elevados e pode causar amadurecimento irregular. O estilo mais clássico de espaldeira usa um sistema de três fios paralelos para cultivar as videiras horizontalmente. É mais compatível com irrigação de gotejamento e gerência do amadurecimento. As VariedadesHoje vários produtores têm plantado inúmeros tipos de uvas para desenvolvimento de mais uma variedade que melhor se adapte ao solo argentino assim como a Malbec. A variedade Bonarda, originária da região do Piemonte, na Itália, já tem feito grande sucesso. As uvas Malbec encontraram favoráveis condições de crescimento na Argentina, e não há duvidas de que a Malbec Argentina é umas das uvas mais deliciosas e de maior sucesso no mundo. Sua coloração intensa, seu aroma a amora, ameixas e mel, e a sua habilidade para amadurecer à perfeição, criam vinhos de uma textura aveludada e duradoura, e agradável sabor. Quando os vinhos são envelhecidos em barris de carvalho, a fragrância de baunilha e o suave tanino são perfeitos acompanhantes para um bife ou até um chocolate ou um doce de amora vermelha. A Torrontés é a variedade de uva branca mais distintiva da Argentina. Produz um vinho branco frutado e elegante de uma fresca acidez. Constitui um grande atrativo para os jovens bebedores de vinho branco que apreciem o seu caráter frutado e floral. UVAS TINTASBarbera, Bonarda, Nebbiolo, Dolcetto, Sangiovese, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Malbec, Merlot, Petit Verdot, Pinot Noir, Syrah, TempranilloUVAS BRANCASChardonnay, Sauvignon Blanc, Chenin Blanc, Viognier, Moscato Bianco, Tocai, Moscatel, Pedro Ximenez, Riesling, TorrontésAs RegiõesREGIÃO NORTEA região norte é constituída por cinco subregiões em direção norte-sul: Jujuy, Salta, Catamarca, Rioja e San Juan, sendo que as duas últimas formam o Valle del Tulum. A sub-região de Salta também costuma ser denominada Salta-Cafayate e a sub-região de Rioja compreende os distritos de Nonogasta e Chilecito. A região norte produz poucos vinhos de qualidade e grande quantidade de destilados vínicos. Os destaques são para as sub-regiões de Salta, onde se faz o melhor vinho da uva Torrontés (uva branca muito plantada no país), e San Juan, cujos vinhedos fornecem 18% da produção do país e faz bons vinhos das uvas Malbec e Cabernet Sauvignon. REGIÃO CENTRO - MendozaMendoza é a mais importante zona vinícola Argentina, com produção de 75% do total de vinhos do país e 85% dos vinhos de qualidade! Possui vários distritos tais como Agrelo, Drumond, Luján de Cuyo, Maipú, Perdriel, Rivadavia, Rodeo de La Cruz, San Rafael e Tupungato. Deles, o mais importante é San Rafael, com seus subdistritos de Paredes, Alto de Las Paredes e Rama Caída, que alguns consideram uma zona vinícola à parte de Mendoza. REGIÃO SUL - Neuquén e Rio NegroSeus vinhedos correspondem a apenas 5% da área cultivada no país, mas é considerada uma região promissora, possuindo clima mais frio, semelhante aos das melhores regiões chilenas. A região está no Alto Valle del Rio Negro e divide-se nas sub-regiões Neuquén e Rio Negro.

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